🚨 O sétimo limite planetário a ponto de ser ultrapassado ! 🌍
Artigo Eliane Tarrit | Head ESG da Agir ESG
Quando eu fui convidado para integrar o time de articulistas do jornal A Gazeta, fiquei pensando sobre como seria a melhor forma de começar.
Então, logo me veio a mente um texto interpretado por Maria Bethânia no DVD “Agradecer e Abraçar”, que transformo em “Voltar, Abraçar e Agradecer” que você leitor já vai entender.
É muito possível que você não me conheça, pois eu não moro em MT faz quase 20 anos. Sou radicado em São Paulo desde 2005, mas ter saído do Mato, de Mato Grosso há tantos anos não significa que o Mato tenha deixado de morar em mim. Eu nasci em Juína na década de 80, território fincado na Amazônia Legal. Lá nasci biologicamente de um homem indígena de uma etnia do Paraguai, país vizinho, que circunstancialmente era matador de aluguel e de uma moça que circunstancialmente era uma prostituta. Afetivamente e definitivamente nasci para a vida e para as possibilidades dela, pelos corações e mãos da Senhora Divina e do Senhor Paulão. Ambos desbravadores de um país profundo, no final da década de 70.
Ter nascido na floresta e passado minha primeira infância com ela preservada, me fez íntimo de seu som, de sua temperatura, de seu cheiro, de seus sabores e dos seus bichos. Viver lá, construiu em mim uma profunda relação de respeito por ela e compreensão da sua necessidade.
Como todos nós sabemos, a década do meu nascimento também é uma década de degradação da floresta. Se na minha primeira infância era a floresta o meu quintal, a segunda fase da minha infância, era o garimpo ilegal o meu território. Lá, estava instalada toda a vulnerabilidade social. Foi no Garimpo do Arroz, que na minha vida, letrinhas começaram a se tornar palavras; isso, em uma espécie de escola com teto de lona, como era tudo lá. Da minha casa a escola.
Como a história de muitos deste país continental, a diáspora por uma vida melhor se impõe e na minha adolescência deixo minha terra natal e fui para Cuiabá, minha nova casa, uma terra de acolhimento, alegria e que fundamentou as minhas primeiras oportunidades. A maior dela foi ter acesso à Educação. Ter podido estudar na UFMT (Universidade Federal de MT) e no CEFET (Centro Federal de Educação), pavimentou o caminho dos meus primeiros passos para outros territórios. Eu não pude ficar muito tempo em MT para além da conclusão da minha formação, mas foi ela que me trouxe até aqui. Hoje eu atuo na área de Sustentabilidade e Impacto Social, porque é sobre isso a minha trajetória, que tentei descrever brevemente. É sobre isso que irei começar a falar nos próximos textos.
Por fim, eu volto para Mato Grosso para agradecer aos povos da floresta das margens do Rio Juruena, que preservam em mim a eterna criança, ao alimento provido pela floresta que me nutriu com suas enormes Castanheiras, aos meus pais que permitiram a vida e zelam até hoje por mim, ao sol quente de Cuiabá – que acho ser mais quente do que em outros lugares, por ser o reflexo do calor do seu povo.
Eu volto essencialmente para dialogar sobre como podemos atuar por um mundo mais sustentável.
Carlos Ferraz é fundador da Agir ESG, consultoria focada em soluções ESG para diferentes segmentos. (21) Carlos Ferraz | LinkedIn